Por Vítor Alexandre Nunes de Carvalho, aluno
de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Química do Instituto de Química de
São Carlos (IQSC-USP).
Segundo a “Teoria do Big Bang”, o Universo
surgiu por uma grande explosão. Mas como se originou vida no
planeta Terra?
Há muito tempo,
a ciência tenta explicar a origem da vida em nosso planeta. Os primeiros
cientistas e filósofos acreditavam que a vida surgiu da matéria inanimada e/ou
em estado de putrefação, por meio da geração espontânea. Com a evolução da
ciência, esta abordagem foi desconsiderada, pois em 1953 o clássico experimento
de Miller confirmou a formação dos aminoácidos glicina, α-alanina, β-alanina,
ácido aspártico e α-amino-n-butírico a partir de reações químicas entre
moléculas de CH4, H2, NH3 e H2O, em um sistema que simulava as condições existentes na
Terra primitiva.
O trabalho de
Miller resultou na primeira evidência experimental de que a vida poderia surgir
a partir de reações químicas entre moléculas como CO, CH4, H2,
NH3, H2S, H2O, entre outras, que originam
moléculas mais complexas, por exemplo, aminoácidos, lipídios e ácidos
nucléicos. A teoria da origem vida, com base no experimento de Miller, não
considera a interface envolvendo a superfície sólida das rochas. Neste
contexto, o trabalho que está sendo desenvolvido durante o doutorado visa
avaliar a formação de aminoácidos na superfície de materiais com composição
similar à das rochas da Terra primitiva. Esse estudo será realizado utilizando
técnicas eletroquímicas que poderão contribuir significativamente para
consolidar as teorias sobre a origem da vida, além de fornecer informações
específicas sobre a formação de moléculas orgânicas nas condições pré-bióticas.
Ver
também:
- S. L. Miller, Science, 1953, 117, 528-529.
- M. Bernstein, Phil. Trans. R. Soc. B, 2006, 361, 1689-1702.